O Édipo da Marilyn

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Eric Rohmer, uma das figuras centrais da Nova Onda do cinema francês nos anos 60, dizia que não poderíamos amar quaisquer filmes se não amássemos primeiro os de Howard Hawks.

Em Os homens preferem as loiras (1953), o dito de Rohmer é inescapável.

Além de Marilyn Monroe e sua fascinação quase edipiana pelas jóias, há uma Jane Russell em busca do amor eterno – e se possível de feições atléticas.

Mas o que nos assombra nessa obra é a sua sensibilidade moderna mesmo dentro dos padrões da consciência clássica de uma comédia musical dos estúdios da Twentieth Century Fox.

É um bálsamo pegar esse filme de formato hoje inconfortável pra escapar do besteirol opressivo que assola Hollywood atualmente.

Hawks, esse grande cineasta, integrou à corrente mestra do cinema pipoca, um cinema atemporal que tudo abrange, sem estar pendurado como um porco de ponta-cabeça a qualquer dito ideológico. Fugiu das patrulhas da mediocridade e, ao mesmo tempo, do inconformismo. Da ficção científica (O monstro do ártico) ao faroeste (Rio vermelho), resistia ao convencional e não fazia concessões.

Os franceses nos anos 60 foram os primeiros a perceber que em suas obras havia um timbre que ressoava além dos muros limítrofes dos estúdios.

O grande segredo de Hawks: transformar comédias ligeiras em verdadeiros bastiões do cinema.

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